quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vícios e virtudes


Na última segunda-feira, 13, foi assinado pelos chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o 2º Pacto Republicano. Trata-se de um documento com diretrizes que visam, entre outras coisas, a facilitar o acesso da população à Justiça e acelerar processos emperrados. O Pacto, assinado num momento de evidentes conflitos entre os Três Poderes, é um sinal claro de que as coisas não andam bem. Vejamos o caso da Polícia Federal, que se transformou numa polícia política, com seus espetáculos midiáticos para prender os ricos, mas sem o devido processo legal. Hoje, delegados, juizes e promotores estão mais preocupados com o ibope do que em estudar às Leis. Sempre que me refiro às Leis, o faço com letra maiúscula, para evidenciar que fora da Lei não há justiça. Só há justiça obedecendo à Lei. Isto vale para mim, para o Zé da esquina, para você e para o moto-táxista da feira. Não se pode, em hipótese alguma, ferir a Lei para se buscar justiça. Quando isso acontece, a sociedade retrocede um pouco. A ser assim, um dia voltaremos para o estado da natureza. Se é que me entendem...

Bom, voltemos ao Pacto. No evento, claro, estavam presentes o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Os Presidentes do Senado e da Câmara, José Sarney e Michel Temer, e também o Presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes.

Sabem, em eventos oficiais, não cai bem a arte do discurso de improviso. Lembrem-se que as nossas instituições são sempre maiores que nós. Quando improvisamos, corremos o risco de rebaixá-las. Parece ser este o objetivo do Presidente Lula. Sempre que o dito cujo fala, as instituições saem um tanto mais rebaixadas. Repare no que ele disse em seu discurso: "Ninguém aqui é freira, e nós não estamos em um convento. E não me consta na história que num convento também não tem briga".

Caros, a política como sabemos, não foi mesmo feita para os santos, nem para as freiras. Os desatentos podem observar: "Ora, mas ele só disse a verdade, político é tudo (e ai vem um monte de adjetivo)..."

Mas, meus amigos, as coisas não precisam ser assim. A fala do Presidente, além de ser deselegante, é, para dizer pouco, preconceituosa e extremamente indecorosa.

Política lida com a coisa pública, e a coisa pública requer decoro. É assim em qualquer lugar civilizado do mundo.

No ambiente mundano da política não há mesmo santos. Mas não precisamos e nem devemos condescender com isso. Lula, em seu gracejo, humilha às instituições e seus mandatários. É como se dissesse: "Olha, eu não sou santo, mais vocês também não são. Já que estamos num puteiro mesmo, vamos aproveitar a putaria, afinal, estamos todos na esbórnia..." Será que ele quer dizer que isso é normal, que é aceitável? Que seus vícios o servem de consolo, afinal, há outros viciados como ele?

Sabem meus caros, eu não me orgulho dos meus defeitos. Nem tento justificá-los, alegando que outros fazem o mesmo. Os outros não servem de parâmetro para mim. Meus princípios servem.

Não sei mesmo como as pessoas se deixam enganar por gente tão indecorosa como Lula.

Sou jovem, espero ter filhos. Defendo também que as freiras e as putas tenham os seus direitos. Mas, sinceramente, não desejaria aos meus filhos que se enredassem pelos lupanares da vida. Muito menos que se orgulhassem disso.

Lula é grotesco. Talvez ele pense que o Brasil é um puteiro. Ele, como chefe da zona, sente-se feliz por saber que há frequentadores que não podem ser revelados.

Agora, um pouco de história. André Gide, escritor francês, em sua autobiografia Si le Grain ne Meurt, dedica um trecho para narrar um encontro que teve com Oscar Wilde no Marrocos. Wilde, um gênio literário do Século XIX, era, por assim dizer, um homossexual mais letrado no assunto. Gide era novato na área, e percebia o quanto Wilde se divertia com suas dúvidas sexuais. Pois bem, num trecho do livro, Gide comenta: "A maior vitória de um pervertido é assistir à queda de um puro".

História é bom, por que ensina.

É isso meus caros, a maior vitória de Lula é nos ensinar, à sua maneira, o seu modo peculiar de enxergar e exercer a política.

Felizmente para nós, há outros professores, digamos, menos relativistas...

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